Praticantes de hipismo movem mercado de luxo

Apesar da popularização do hipismo no Brasil a partir da conquista das medalhas olímpicas em 1996, 2000 e 2004, o esporte ainda é considerado de elite e movimenta um mercado de luxo de grande potencial no país.

Chris Morais, campeã brasileira de 2010 de adestramento na categoria Amador 2, treina na Hípica Paulista quase todos os dias. Fiel, ela usa nos treinos, e até para sair, roupas de alto luxo para hipismo da marca holandesa Anky Technical Casual e da alemã Pikeur, que foram feitas para o frio europeu, mesmo nos dias abafados do mês de dezembro na capital paulista.  Apesar de não ser profissional, é patrocinada pela BMW Autostar. Até seus dois cavalos levam o nome da concessionária. “Eu sou usuária de BMW e os meus cavalos são BMW”, brinca. A concessionária é sua patrocinadora, segundo Morais, porque quer a atenção do público das classes A/B que pratica e que assiste às competições de hipismo. O

 consumo de luxo relacionado ao esporte envolve desde roupas para o cavaleiro até produtos para o bem-estar e a beleza do cavalo. Exemplo do potencial desse mercado no Brasil é o nascimento da grife brasileira Dressur, voltada para esse nicho, e a abertura da primeira loja física da italiana Cavalleria Toscana no país em 2011, a primeira a entrar em operação fora da Itália.

 “O país vive um momento único, com o fortalecimento da sua economia, o que nos anima a investir aqui”, afirmam Paulo Monteiro e Tiago De Ales, sócios da Cavalleria Toscana no país. “No Brasil, o hipismo é um esporte de elite. A associação entre classe e elegância é o campo ideal para o desenvolvimento da nossa marca.” De acordo com Ales, a grife estuda a proposta de dois shoppings da capital paulista e pretende inaugurar a loja ainda no primeiro semestre do ano que vem.

Outra marca internacional que aterrissou por aqui é a Hermès. Embora também venda produtos não relacionados ao hipismo, a loja da grife francesa em São Paulo, que chegou ao país em 2009, tem acessórios como selas, chicotes, escovas para cavalos, sabonete para sela, estribos e botas.

MADE IN BRAZIL

A grife brasileira Dressur, lançada em novembro de 2009, trabalha com moda feminina inspirada nos esportes equestres. A marca foi criada por Isabella do Valle, que já trabalhou para John Galliano, um dos mais premiados estilistas britânicos.

A estilista, que monta a cavalo desde criança, conta que sentia dificuldade para encontrar roupas para praticar o esporte, pois era quase tudo importado. Percebeu aí um nicho de mercado e tentou criar produtos adaptados ao mercado brasileiro. “A questão principal [das marcas estrangeiras] é o tecido muito quente, porque geralmente essas marcas são da Europa e dos EUA. E tem também o design, porque mesmo no hipismo, que é um esporte sóbrio, o brasileiro é mais alegre e pede cores mais claras”, afirma.

Fonte: Folha.com