Projeto transforma cavalo pantaneiro em patrimônio cultural de MT

O primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, deputado estadual Mauro Savi (PR), é autor do Projeto de Lei, que declara o “Cavalo Pantaneiro” integrante do patrimônio cultural e genético de Mato Grosso. “Por muito tempo essa raça foi esquecida e desvalorizada pela maioria, principalmente como representante histórico e cultural do território mato-grossense”, disse o deputado, ao lembrar que a raça de origem ibérica formou-se de maneira natural, pela segregação, há quase duzentos anos nos municípios de Poconé, Cáceres, Santo Antônio de Leverger, Barão de Melgaço e Cuiabá, localidades que compõem a região dos Pantanais do Estado.

“Podemos considerá-lo um fator de segurança nacional porque pode ainda vir a desempenhar, nas regiões de difícil acesso, o importante papel de salvaguarda dos limites territoriais. Além de ser um fator econômico-social, porque a totalidade da população que habita o Pantanal tem no Pantaneiro importante meio de transporte, sobretudo nas cheias, e sua mais importante função econômica se faz sentir junto à bovinocultura”, defendeu o autor do projeto.

O Cavalo Pantaneiro, um dos animais mais antigos do Brasil, nasceu da mistura das raças Célitos Luzitanos e Andaluzes e teve início após batalha dos índios Guaicurus – habitantes da região do Pantanal – com os espanhóis que na época perderam o confronto e também os animais. Embora de pequeno porte, o Cavalo Pantaneiro possui características inigualáveis, entre elas a resistência ao trabalho extremo e contínuo, a capacidade de resistir a longas caminhadas e o gosto e facilidade para trabalhar com bovinos. Para se ter uma idéia, esse tipo de animal consegue permanecer com as pernas dentro d”água por mais de quatro meses, dia e noite, enquanto que para outras raças, isso é um fator predominante para apodrecer o casco e dar febre.

Embora a raça tenha sofrido declínio no final do século XIX, em razão de doenças como “a peste das cadeiras” e a anemia infecciosa equina, saiu fortalecida e ganhou cuidados especiais. Tanto que, em 1972 um pequeno grupo de pessoas resolveu fundar a Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Pantaneiro (ABCCP), com sede em Poconé. Esse período é considerado um marco para os criadores, que decidiram fomentar a criação. A partir daí, o grupo passou a congregar os criadores, organizar e manter o Registro Genealógico da raça, além de estudar todos os assuntos referentes à espécie. Essa mobilização resultou na valorização do Pantaneiro, que hoje, está presente em muitos estados brasileiros e em alguns países, a exemplo dos Estados Unidos.

“Para se ter uma ideia, o animal que também é considerado companheiro inseparável do vaqueiro, possui qualidades jamais vistas entre as raças. É tão resistente que durante a cheia, ele se alimenta de plantas aquáticas e muda radicalmente sua alimentação no período da seca comendo apenas cascas de pau e folhas. É admirável”, observou o parlamentar ao reforçar que a iniciativa visa tão somente conservar e preservar a raça que foi carinhosamente moldada pelas mãos de Deus.