O nome é paraequestre, mas pode chamar de terapia

A paixão pelas cavalgadas e a vontade de proporcionar lazer para pessoas com deficiência levou uma funcionária pública de Curitiba a criar uma modalidade esportiva. Claudiane Crisóstomo Pasquali, praticante de cavalgada desde a infância, trabalha há dois anos na difusão do enduro paraequestre, uma competição de hipismo destinada a paratletas. A ideia surgiu meio por acaso e se transformou em uma experiência que está sendo replicada em outros estados.

Claudiane é praticante de enduro, uma prova de longa distância em que o conjunto (cavaleiro e cavalo) atravessa grandes distâncias, passando por matas, rios e pontes. De atleta, ela passou a organizadora a partir do interesse de um amigo que, após um acidente de moto que lhe tirou o movimento das pernas, passou a praticar a equoterapia – um método de estímulo muscular com a cavalgada. Ele gostaria de saber como participar de um enduro, já que, apesar da limitação física, montava relativamente bem.

“Seria impossível já de começo, quando o atleta precisa correr ao lado do animal, puxando-o pela rédea, e apresentá-lo aos juízes”, relembra Claudiane. Mas ela percebeu que as adaptações eram possíveis. Começou a contatar outros centros de equoterapia à procura de mais interessados.

A primeira prova de enduro paraequestre ocorreu em dezembro de 2011, com a participação de 20 competidores, em sua maioria crianças e adolescentes. Foram feitas alterações na estrutura do local da prova, como a instalação de barras no banheiro, e nos equipamentos de competição, como a colocação de uma rampa para que os cavaleiros pudessem alcançar a sela. O percurso foi encurtado. De 60 a 80 quilômetros, dependendo da prova, passou para 2 a 4 quilômetros. Os competidores são acompanhados por um cavaleiro auxiliar, montado, ou um auxiliar lateral, que segue a pé.

“Uma criança ganhou um troféu e ao chegar em casa, tarde da noite, foi acordar os vizinhos para mostrar a conquista”, conta Claudiane. A aceitação entre os centros de equoterapia foi rápida, e novos interessados ligavam para saber quando seria o próximo evento. A novidade “vazou” para outros estados, levada pelos juízes que vieram ao Paraná para arbitrar a prova. Existe o registro de duas provas similares realizadas há cerca de uma década em Brasília, o mais importante centro de equoterapia do país, mas jamais havia sido feita uma competição nesses moldes.

A idealizadora passou a divulgar o enduro paraequestre junto a outras federações de hipismo. São Paulo já promoveu competições e Minas Gerais está a poucos meses de ter o seu primeiro evento. Enquanto isso, o Paraná já tem uma seleção estadual, composta por cinco atletas, que participou de uma prova em Bragança Paulista (SP) ao lado de competidores convencionais. Ficaram em 4.º lugar.

Adestramento paraequestre
No domingo (07/07) será dado o primeiro passo no adestramento paraequestre no Paraná, com a vinda da classificadora internacional Gabriele Brigitte Walter. Que após avaliar os atletas irá dar uma palestra no Centro Paranaense de Arte Equestre.

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Fonte: Gazeta do Povo
Foto: Jonathan Campos