Com a ajuda dos estrangeiros, Brasil evolui no hipismo

O trabalho com técnicos estrangeiros, visando a medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, é o destaque da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) em 2014, segundo seu presidente Luiz Roberto Giugni. “Já tivemos resultados extraordinários nos Jogos Sul-Americanos de Santiago, no Chile, em março”, observa o dirigente. “O Jean-Maurice Bonneau (francês, técnico de salto) está conosco desde o ano passado e a Mariette Withages (belga, especialista em adestramento) começou em fevereiro. A contratação deles foi possível com recursos de convênio que temos com o Ministério do Esporte”, ressalta Giugni.

Nos Jogos Sul-Americanos, o pódio foi todo brasileiro na prova individual de salto, com Felipe Amaral (ouro), César Almeida (prata) e Sérgio Marins (bronze – com outro bronze na série intermediária). Por equipes, o Brasil foi prata, com os três, mais José Reynoso Fernandes Filho.

O sucesso no evento sul-americano foi um bom indicativo para a principal competição do hipismo em 2014, os Jogos Equestres Mundiais, que serão disputados em Caen, na França, de 30 de agosto a 7 de setembro. “Estamos definindo as equipes”, adianta o presidente da CBH.

Copa das Nações e Copa do Mundo

No caso do salto, parte dos cavalos inclusive já está no Velho Continente, como lembra Luiz Roberto Giugni. “Boa parte já está na Europa, com os cavaleiros que moram por lá. Já o ‘Cartois’, do Felipe Amaral, seguiu dos Jogos Sul-Americanos do Chile para os Estados Unidos, de onde irá para a Europa. O cavalo do Yuri Mansur (First Division) já foi dos Estados Unidos.”

O dirigente se refere à etapa de Wellington da Copa das Nações (com total de 20 etapas), que foi disputada em março, e que teve o Brasil como quarto colocado. Além de Yuri, os outros cavaleiros da equipe brasileira foram Doda Miranda, com o cavalo “Uutje”; Rodrigo Pessoa, com “Status”, e Eduardo Menezes, com “Quintol”.

Yuri ainda será o único brasileiro da modalidade na Copa do Mundo, entre 17 e 21 de abril, em Lyon, na França, depois de qualificatórias por regiões — no caso do brasileiro, pela América do Sul.

O técnico francês Jean-Maurice Bonneau esteve em Wellington e vai acompanhar os conjuntos brasileiros em competições na Europa. Luiz Roberto Giugni diz que “são vários os concursos e ainda não temos uma formação definida da equipe que irá aos Jogos Equestres Mundiais”. Mas lembra que em 2013, na etapa final da Copa das Nações, quando o Brasil foi prata, competiram Rodrigo, Doda, Eduardo e Marlon Zanotelli: “Temos ainda o Yuri, o Felipe… São em torno de dez conjuntos para quatro vagas”, esclarece o dirigente.

Belga esteve nos Jogos Sul-Americanos

No caso do adestramento, o Brasil também obteve sucesso nos Jogos Sul-Americanos. Foram três medalhas de ouros, uma por equipes (com Leandro Silva, João Victor Marcari Oliva, João Paulo dos Santos e Pia Aragão) e duas no individual (com Leandro Silva na série principal e João Victor Marcari Oliva, na intermediária). O país conquistou ainda duas medalhas de prata (João Victor, na série principal, e João Paulo dos Santos, na intermediária) e duas de bronze (João Paulo, na principal, e Leandro, na intermediária).

Mariette Withages esteve com a equipe brasileira no Chile, depois de iniciar o trabalho em fevereiro. Juíza do nível mais alto no adestramento da Federação Equestre Internacional (FEI), da qual foi presidente da Comissão de Arbitragem da modalidade, Mariette faz parte do grupo de técnicos que trazem mais experiência ao país, contratados com recursos provenientes de convênios com o Ministério do Esporte.

Entre abril e maio, o adestramento terá, no Complexo Esportivo de Deodoro, no Rio de Janeiro, as últimas três competições (de oito), com a terceira delas valendo para tentativa de índices da Federação Equestre Internacional. Dos candidatos à equipe que irá aos Jogos Equestres Mundiais em Lyon, apenas João Victor Oliva precisa fazer pela segunda vez o mínimo de 64% de acertos, de acordo com as normas da FEI. Com índice feito duas vezes, os outros candidatos às quatro vagas são Rogério Clementino, os irmãos Luiza de Almeida, Pedro e Manuel, e Edneu Senhorine.

Melhora em classificações

Com relação ao CCE — o Concurso Completo de Equitação, com provas de adestramento, cross-country e salto —, os brasileiros contam com o técnico neozelandês Mark Todd e a inglesa Anna Ross Davies (apenas para o adestramento).

Márcio Jorge representará o Brasil em um grande torneio disputado na cidade de Badminton, na Inglaterra, entre 7 e 11 de maio. A competição é a mais tradicional do mundo da modalidade e uma das seis com nível quatro estrelas (as outras são em Kentucky, nos Estados Unidos; Adelaide, na Austrália; Pau, na França; Luhmuhlen, na Alemanha; e Burghley, também na Inglaterra).

Luiz Roberto Giugni lembra que a equipe brasileira de CCE foi a nona colocada nos Jogos Olímpicos de Londres 2012. ”O objetivo agora, como nas outras modalidades, são medalhas nos Jogos do Rio 2016. E estamos conseguindo uma melhora sensível em qualificações e pontuações. Em 2013, na Normandia, no evento-teste para os Jogos Mundiais de 2014, o Marcelo Tosi foi décimo colocado”, observa.

Pia Aragão, João Victor Oliva, Mariette Withages, João Paulo Santos, Leandro Silva e Mauro Pereira Júnior, na primeira clínica da técnica belga em Araçoiaba da Serra, em fevereiro
Pia Aragão, João Victor Oliva, Mariette Withages, João Paulo Santos, Leandro Silva e Mauro Pereira Júnior, na primeira clínica da técnica belga em Araçoiaba da Serra, em fevereiro

Denise Mirás, do Ministério do Esporte

Fonte: Brasil 2016