Cavalo solto

Eu estava com saudade dos contos da Neyd Montingelli aqui no Hipismo&Co. Hoje ela volta contando as travessuras que alguns cavalos aprontam por ai. Espero que gostem.

Era um dia normal na Hípica. Tarde quente e ensolarada, vários cavaleiros e amazonas conversam montados nos seus cavalos no paddock, aguardando a hora de entrar na pista para o campeonato.

Cavalos saltando, tratadores ocupados em selar, entregar para o próximo concorrente, aguardar a volta depois da pista, dar banho e acomodar os animais em suas baias.

O corredor dos fundos é comprido com dez baias de cada lado. Dois tratadores tomam conta da maioria dos cavalos daquele setor e o trabalho é grande.

Stela foi a terceira a saltar e fez questão de levar o seu cavalo até lá. Quando abriu a portinhola da baia seu enorme garanhão ficou nervoso e não queria entrar.

– O que foi Toufic? Por que não quer entrar?

O cavalo fica agitado e funga. A moça pequena e delicada tem dificuldade em contê-lo. Stela não sabe o que o cavalo está vendo vai olhar dentro da baia: “será que tem algum gato aí?”.

Levou o maior susto!

Dentro da baia estavam três cavalos calmamente deliciando-se com o feno fresquinho que o tratador havia abastecido o coxo do Toufic.

Stela tratou de fechar a portinhola e sair dali, muito brava por sinal. Foi atrás do tratador. “Como o Alcides fez isso? Por que ele prendeu esses três cavalos na baia do Toufic? Que horror! Ah, mas eu pego o Alcides”. Ela pensava com seus botões, mas na verdade queria gritar com alguém.

Lá estava o Alcides chegando com um cavalo e levou a maior bronca da patroa. Ele também não sabia como aqueles cavalos foram parar lá. Aliás, ninguém sabia. Nenhum dos tratadores foi o responsável pela proeza.

Cavalos nas suas baias, Toufic no seu lugar, assunto esquecido.

No final de semana seguinte outro episódio misterioso.

Uma das amazonas chega à tarde e encontra cinco cavalos passeando pelo meio do corredor das baias, bem faceiros. Foi o maior sacrifício prender os fujões.

Quem abriu a portinhola das baias? E o pior, quem fechou de volta? Porque algumas estavam bem fechadas com o trinco.

Renan, outro cavaleiro que costuma pegar seu cavalo naquele corredor, chamou os amigos no bar da hípica. Estava com o notebook aberto.

– Ei, descobri quem abriu as portinholas e soltou os cavalos! Venham ver!

Todos se juntaram em volta do rapaz e depois de ver as imagens da câmera de vigilância do corredor, desatam a rir.

Um dos cavalos, um baio pequeno, mas com o pescoço comprido e belos dentes estica a cabeça para fora da janela e abre a sua portinhola. Sai, fecha a sua e depois abre a baia de mais quatro amigos e todos ficam andando pelos corredores.

Sabe-se lá o que iriam aprontar, pois foram pegos pela moça que entra no corredor e chama o tratador.

cavalo

Veja mais contos escritos por Neyd Montingelli aqui.

Conto de Neyd M.M.Montingelli.
Neyd nasceu e mora em Curitiba, casada, tem 4 filhas e 1 neto, formada em Psicologia, com especializações em Nutrição, Queijos, Leite e outros cursos na área de animais. Já teve criação de Cabras e um Laticínio. É aposentada pela Caixa Econômica e agora escreve sobre a família, crônicas e contos tendo 8 livros já publicados.

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